sábado, 25 de junho de 2011

RELATÓRIO DA EXCURSÃO PARA ARACAJU


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR À DISTÂNCIA
CURSO DE HISTÓRIA LICENCIATURA À DISTÂNCIA



RELATÓRIO DA EXCURSÃO PARA ARACAJU
(BAIRRO INDUSTRIAL/ MERCADO TALES FERRAZ E NAUFRAGOS )

Relatório apresentado ao profº Drº Antônio Lindvaldo, coordenador da disciplina Temas de História de Sergipe II, tendo como meta realizar a atividade 2, proposta no planejamento acadêmico no período 2011/01.

Maria Rosane Vasconcelos Santos
Mary Karla Vasconcelos Santos
Nelson Oliveira Sobrinho
Valdirene Santos Silva

Aracaju -SE
JUNHO de 2011
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo expor os conteúdos adquiridos durante a excursão realizada pela disciplina temas de história de Sergipe II, na qual foram expostas os aspectos da formação da sociedade sergipana desde o século XIX até o início do século XX, foi possível conhecer novas vertentes sobre a história de Aracaju.

 
OBJETIVOS

1-Analisar a mudança da capital de Sergipe no contexto do processo de formação da sociedade sergipana e nos acontecimentos da história do Brasil;
2-Identificar a presença de uma elite nas primeiras décadas do século XX e um projeto modernizador para a cidade de Aracaju
3-Entender a construção de um discurso sobre a identidade sergipana pautada na edificação de uma terra de Sergipe formada de grandes homens;
4-Identificar traços que contradizem o discurso modernizador das elites.






DESENVOLVIMENTO
O local escolhido para dá inicio a nossa viagem histórica por Aracaju foi o setor de ervas do Mercado Tales  Ferraz bem no coração da cidade, nesse local o professor Lindvaldo explanou sobre como foi a transformação desse espaço e como paulatinamente o sonho de Inácio Barbosa foi sendo edificado. Mas buscou mostrar essa construção da nossa capital por uma nova ótica. Tomando a obra Os Corumbas, como ponto de partida foram expostas as contradições ocorridas na Aracaju da década de 20. Mesmo utilizando uma obra ficcional, foi possível remontar as vivencia dos moradores, mesmo àqueles que não residiriam no quadrado Pirro.


A cidade que apresenta inicialmente um crescimento linear que expande-se do centro histórico  em direção a onde hoje é bairro São José (antigo Carro Quebrado) . Para ser edificada  contou com a mão de obra de sertanejos que encontraram na nova capital a fuga para as mazelas, porém novos males os aguardavam. Aracaju no começo não correspondia a imagem idealizada pelos que a criaram, o quadro inicial demonstra uma “ cidade inviável cheia de lagoas, dunas e pântanos onde proliferavam mosquitos causadores de febres” . Que aos poucos foi dando lugar ao tão conhecido tabuleiro. Nesse projeto urbanizador vários aterros e desmontes foram necessários, um dos mais significativos foi a derrubada do Morro do Bomfim, uma antiga área boemia da cidade que deu origem a popular rodoviária velha (Terminal Rodoviário Luiz Garcia),.

TECENDO UMA CIDADE
Nas décadas seguintes à transferência da capital de São Cristóvão para Aracaju, por influência das transformações que ocorriam nas nações mundiais mais desenvolvidas até então, com o processo de industrialização, surge em Aracaju as primeiras fábricas: Sergipe Industrial e Confiança. Visando atender o contingente do funcionamento das fábricas, pessoas vieram de outras partes do estado (migrantes do interior em busca de melhores condições de vida), atraídos pelo sonho da capital planejada e moderna. O operariado que compunha o quadro  dos trabalhadores das fábricas era formado  de pessoas pobres, em sua maioria negros e mestiços, a quem não foi dado o “direito” de morar na cidade recém criada. Passaram a viver nos arredores, como no Massaranduba (hoje Bairro Industrial) e Aribé (atual Siqueira Campos), entre outros.   Essas pessoas viviam em pequenas casas de palha, longe de ser parte do projeto modernizador de Inácio Barbosa e Sebastião Pirro.
Fábrica Confiança

Fábrica Sergipe Industrial

Vila operária

Vista aérea da bairro industrial

Praia do Tecido

Quiosque Fábrica Confiança -1928



José Sabino Ribeiro
Próximo às fábricas existia a Vila Operária, ocupada pelos chefes de turma dos operários que, muitas vezes, por estarem “acima” dos trabalhadores pobres na hierarquia do contingente social das fábricas, viam-se no direito de abusarem das operárias e cometerem atrocidades contra as mesmas. Nesse período, os operários não tinham os direitos trabalhistas garantidos por lei, fato que só ocorreu no governo de Getúlio Vargas.

 Posteriormente nessas regiões como forma de distração, os moradores tocavam e dançavam ao som do samba, os homens freqüentavam os cabarés e os jovens jogavam futebol, criando um time chamado de Confiança (em decorrência do nome de uma das fábricas) que existe até os dias atuais, também é conhecido de Proletariado por ser formado inicialmente de trabalhadores das fábricas.  







Eternamente moderna
Aracaju  possui uma característica muito singular, a de ser uma cidade de projeta um futuro sem firmar em seu passado, pois durante muito tempo perdurou a imagem de que sua origem envolta em lama não era algo de que deveria nutrir algum orgulho, assim a elite local via Aracaju como a “ ave branca que voa  dos pântanos para o azul...”  Assim era preciso investir na modernização da cidade.
Mas apesar de buscar uma imagem de cidade moderna Aracaju recebeu duras criticas do francês Paulo do Walle, o mesmo afirmava em seus artigos que desde os tempos coloniais  a mesma não passava de uma “cidade de palha “ onde famílias abastardas se revesavam no poder.  Os argumentos de Walle foram inflamadamente rebatidos pelo laranjeirense Nobre de Lacerda que deixa claro que Aracaju simplesmente não existia no período colonial, buscando desta forma demonstrar o desconhecimento de Walle sobre nossa capital, porém notasse um certo compromentimento de Nobre de Lacerda, ao buscar focar a capital como um lugar de futuro e sem conexão com um passado colonial.
A desvalorização do passado podia ser constatada na ação da polícia da época (que se apresentava mais como uma guarda particular do que a responsável por estabelecer a ordem), quando coibia as manifestações populares como os sambas e rodas de capoeira, que eram vistas como vadiagem, com pena passível de prisão.
Ao buscar rememorar as micro-histórias que aliavam a formação de Aracaju  aparece a valorização da história oral, e novamente se destaca o papel fundamental do historiador, pois somente com a sua ação será possível tornar público personagem como a de dona Antônia, operária negra,  que expunha feitos da época, como a dura rotina de trabalhos, a dificuldades para chegar as fábricas, a exploração, até mesmo a resistência do ainda tímido pensamento de resistência à exploração.  D. Antônia atualmente é uma figura  que trás átona novas vertentes para se estudar a história de nossa cidade. E sua vida está exposta   no Museu do Homem Sergipano (MUHSE).

Ao finalizar sua aula o professor Lindvaldo deixa claro  que a nossa memória a esta sendo esquecida havendo inclusive uma certa  vergonha do povo, esta fruto da ignorância das próprias raízes e que é papel dos historiadores plantarem a semente para tornarem nossa historia viva em todas as suas vertentes dos morros às avenidas tabuleiradas, dos mangues aos asfaltos,


 
MAR DE CORPOS
Em nosso último ponto da aula prática estivemos na rodovia, praia e cemitério dos náufragos, no local o professor LUIZ ANTONIO PINTO CRUZ rememorou acontecimentos que puseram Sergipe e o Brasil bem no foco da segunda grande guerra mundial. Os fatos posteriores a 15 de agosto de 1945 trouxeram pânico a pacata população sergipana e alterou a rotina da cidade, Aracaju agora era um hospital a céu aberto e mantinha os olhos temerosos voltados para o mar.






Com a segunda guerra mundial o Brasil encontra a ocasião propicia para intensificar a sua industrialização. A bipolarização (Aliados X Eixo), fez com que o Brasil pudesse ter várias vantagens econômicas na exportação marítima de vários gêneros. Porém em uma guerra sempre há riscos ao se definir um lado, ou no nosso caso ao de manter falsamente na neutralidade. O torpedeamento de navios brasileiros nas costas entre Bahia e Sergipe foi a reprisaria por nossa ligação com os Estados Unidos no fornecimento do ferro.   
Foram vários os ataque a navios que tinham intenção de cortar o suprimento para o norte americanos. As embarcações abatidas na costa sergipana foram Araraquara, Anibal, Benévolo, Itagiba, Baependi, e Arara. Surpresos, os navios atacados viravam presas fácies para os submarinos alemães U-boots, que deixaram como conseqüências chegada um saldo de 652 mortos entre  crianças, mulheres e homens, cujos corpos eram encontrados nas praias do litoral sul de Sergipe, dias depois, inchados e parcialmente decompostos.


 Vítima do navio Baependi, provavelmente  filho e esposa dos tripulantes (fonte-http://www.itagiba-1942.blogspot.com)
A tragédia revelou um lado obscuro do sergipano que vendo a oportunidade de aquisição de lucro fácil começou a pilhar os pertences das vitimas, assim como também dos carregamentos que pertenciam aos navios, fazendo surgir uma espécie de mercado informal macabro e criando expressões interessantes como “ Maria  ou Zé Malagofada” para aqueles que reutilizavam os tecidos que foram encontrados após o ataque. Para garantir a segurança das vítimas foi até necessário a intervenção militar que restringiu o acesso ao local, afim de  inibir a mutilação dos cadáveres a procura de dentes de ouro ou jóias ou a profanação das sepulturas improvisadas.
Devido ao avançado estágio de putrefação em que se encontravam algumas vítimas muitas foram enterradas na própria praia ou áreas circunvizinhas, dando origem aos cemitérios dos náufragos, o mais famoso deles fica no quilometro 10 da rodovia José Sarney, em um terreno decido pela prefeitura, na qual encontra-se a sepultura de 10 pessoas. O próprio caminho  também recebera esse nome em homenagem as vítimas- Rodovia dos náufragos.
 
Aracaju viveu do seu jeito os  tempos de Guerra. Desta forma, os anos que se seguiram a 1942 foram difíceis. Havendo inclusive perseguições a nazifascistas, racionamentos de alimentos e combustíveis e intensificando a industrialização para a Guerra, e enviando jovens para frente de batalha.

Durante muitos anos havia missas em memória daquelas vítimas, depois seguiam em silêncio pelo cemitério, atualmente o fato é desconhecido pela maioria dos sergipanos o que tristemente contrasta com o desconhecimento da nossa própria história, assim é papel de nós historiadores tornar público e relevante a nossa participação e as conseqüências da segunda guerra mundial. Esse fato teve tanta relevância que fez parte até da cultura popular, e podia ser observados na cantiga de roda do fim da década de quarenta em Aracaju:
 “O navio afundou na barra de Aracaju, trazendo os malafogados pra vestir os nus”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

RELATÓRIO DA EXCURSÃO PARA LARANJEIRAS, MARUIM E SANTO AMARO DAS BROTAS

RELATÓRIO DA EXCURSÃO PARA LARANJEIRAS, MARUIM E SANTO AMARO DAS BROTAS


Relatório apresentado ao profº Drº Antônio Lindvaldo, coordenador da disciplina Temas de História de Sergipe II, tendo como meta realizar a atividade 1, proposta no planejamento acadêmico no período 2011/01.

Maria Rosane Vasconcelos Santos
Mary Karla Vasconcelos Santos
Nelson Oliveira Sobrinho
Valdirene Santos Silva



LARANJEIRAS-SE
MAIO DE 2011


INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade relatar a viagem realizada pelos alunos do  curso de História da Universidade Federal de Sergipe, no dia 28 de maio de 2011 às Cidades de Laranjeiras, Santo Amaro da Brotas e Maruim, com a finalidade de compreender a sociedade açucareira, na região  do Cotinguiba, no contexto da formação da sociedade sergipana do século XIX até as primeiras décadas do século XX.
3.2-Objetivos Específicos:
1-Aprender como se constituiu a sociedade canavieira, principalmente do vale do Cotinguiba: sua prosperidade e em destaque as cidades de Laranjeiras; Santo Amaro e Maruim
2-Compreender a importância dos núcleos de povoamento e dos símbolos do cristianismo católico no firmamento do domínio do Estado na sociedade colonial sergipana;
3-Perceber a paisagem natural no contexto harmônico dos patrimônios que compõe a cidade de Laranjeiras em especial o centro histórico;
4-Entender a importância econômica que os engenhos tiveram na ascensão urbana;
 











A excursão iniciou-se às 9 horas na praça da matriz ao lado da Igreja Sagrado Coração de Jesus em laranjeiras  de onde  seguimos para a Igreja Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba, segunda construção jesuítica, neste local foi apresentado o um seminário que teve como foco o núcleo de povoamento da região do Cotinguiba,  o desenvolvimento da economia açucareira e a importância da Igreja Católica em todo esse processo.



Na exposição, foi destacado que o conflito internacional europeu, que privou a França e a Inglaterra de seus fornecedores de açúcar, causando assim a busca por novas fontes de fornecimento do produto. Outro fato que foi salientado foi às condições geoclimáticas do Cotinguiba (clima quente e úmido, solo massapê e proximidade com o rio de mesmo nome). Com todas essas condições favoráveis, corroborou para o implemento da produção açucareira, o que se deu somente a partir do segundo ciclo do período açucareiro, o auge da produção  deu-se por volta de 1850, com a alta do preço do açúcar que fez com que a região do Cotinguiba se tornasse a maior produtora da província. Sua importância foi tanta que o rio Sergipe foi considerado como seu afluente.
Tomando-se com base a obra de Murilo Marques, foi exposto que o povoamento de Laranjeiras fora oriundo da doação das sesmarias de Manilha(1606) e Bom Jesus (1686) esta última formada ao redor de uma capela. Com o tempo a população cresceu e o local virou parada para os viajantes, onde foi criado o porto de Laranjeiras, pois tinha várias Laranjeiras às margens do rio. O local ganhou tal importância que surgiu uma feira que se tornou uma atividade de destaque  contribuindo para o crescimento do núcleo urbano. Durante esse processo a Igreja aliada ao Estado se mostra uma instituição forte, símbolo da Coroa portuguesa. Isto é visto pela quantidade de templos católicos construídos nas adjacências. Destaca-se dentre estas construções a Igreja consagrada a Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba, construída em 1734 em estilo rococó e barroco, com suas paredes e portas grossas que tinham, também a finalidade de defesa.
Partindo da igreja matriz Sagrado Coração de Jesus, percorremos a rua que tem o mesmo nome, chegando à prefeitura de onde se tem a visão do antigo trapiche, atual Centro de Tradições e do largo da feira. Desde séculos passados, a feira realiza-se no mesmo local. A feira assim como a missa e a festa do padroeiro, eram acontecimentos que reuniam toda a sociedade da época, desde as famílias aristocráticas que desfilavam em suas charretes até os homens livres e escravos. Nesses eventos, os moradores dos engenhos vinham para a vila fazer as compras.
Todo o patrimônio arquitetônico visitado (trapiche) forma conjunto belíssimo com a grande maioria de seus prédios restaurados, principalmente os que servem como CAMPUS da UFS - Universidade Federal de Sergipe, e outros prédios próximos estão em processo de restauração.


Andando pelo calçadão, pode-se observar alguns prédios e casarios, ao final tem-se a uma vista estratégica e  privilegiada, do lado esquerdo a feira e do lado direito, à frente, temos a Igreja matriz. Seguindo em frente, encontramos a Igreja Presbiteriana, fundada em 1884, primeira igreja protestante do estado, símbolo da ousadia e da resistência contra a força da Igreja Católica, a mesma encontra-se em atividade até os dias atuais. Defronte à Igreja Presbiteriana, temos a Escola Estadual Zizinha Guimarães (antigo sobrado de Massur) em homenagem a professora que deu  importantes contribuições para a formação da sociedade laranjeirense. Proseguindo pela mesma rua, passamos pelo museu Afro que guarda um grande acervo de objetos e indumentárias utilizadas pelos escravos. Do lado do referido museu, temos à rua Francisco Bragança, popular rua das pedras, feita pelos escravos, que nos leva ao antigo hospital, hoje em ruínas, ao lado do hospital vemos a loja maçônica, ambos localizam-se na lateral esquerda da Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Pardos  ( igreja do galo). À frente da igreja, ainda de pé vemos a fachada do antigo teatro, hoje em ruínas. Algumas construções foram demolidas para dar lugar a novos empreendimentos como é o caso da residência dos Odebrech, hoje o que vemos é a praça de eventos, demonstrando a falta de conscientização das autoridades e dá própria comunidade quanto à preservação do patrimônio histórico.
Outra característica observada é a harmonia entre natureza, com árvores e vegetação da época colonial, e as construções.
A visita à Laranjeiras, nos dá a idéia de como a sociedade açucareira se formou numa época de produtividade e prosperidade econômica, registradas em sua arquitetura, em grande maioria presente até os dias de hoje.  
Saindo de Laranjeiras, fomos até a Cidade de Santo  Amaro das Brotas, onde se apresenta forte a relação Estado/Igreja. Na praça da Matriz, pode-se observar seu templo maior uma construção que obedece as condições para a edificação de uma igreja que era previamente estabelecida: com adro na frente e ter espaço em suas laterais (para as manifestações religiosas como para suas procissões); não devia haver lugares profanos em suas proximidades, bares e prostituições, por ser lugar de transmissão de regras da sociedade.
Um núcleo de povoamento para ser considerada freguesia deveria ter o adro, a cadeia e o pelourinho. Santo Amaro foi considerado a categoria de Vila em 19 de maio de 1699, conforme o documento do Conselho Ultramarino da Coroa portuguesa.
Outros pontos que merecem destaques da história de Santo Amaro: No início do século XIX, segundo, Pe. Marcos Antônio de Sousa (1944:80) o município já despontava com mais de 40 engenhos(1808).  Em outubro de 1828, a sede da Vila de Santo Amaro é transferida para onde é hoje Maruim. Os santamarenses se insurgiram e com grande força armada invadiram Maruim e  retomaram os cartórios e os prédios públicos. Em fevereiro de 1835, a província chegou a extinguir a Vila de Santo Amaro, deixando-a dependente de Maruim. Diante desse ato do povo de Santo Amaro, o governador Manoel Lisboa reuniu às pressas os membros da Assembléia Legislativa e restituiu Santo Amaro como vila independente.
Outro fato importante foi a mudança de nome da Cidade que passou a ser chamada de “Juruama”, nome recusado pela população. O nome Santo Amaro, segundo alguns historiadores, foi dado em homenagem a Amaro Ayres da Rocha, fidalgo português que herdou as terras às margens do lado esquerdo do rio Sergipe por combater no exército de Cristóvão de Barros.
Hoje a cidade encontra-se em franca decadência, diante da grande prosperidade que já vivenciou em ser a grande produtora açucareira da província.
Ao final de nossa excursão fomos visitar o engenho Pedras situado na cidade de Maruim, este  foi um dos mais poderosos de Sergipe no século XIX,  obteve o seu esplendor por ocupar  as lacunas deixadas pela crise nas Antilhas e por ter uma posição privilegiada, pois encontrasse próximo ao Ganhamoroba o que facilitava  o escoar da sua produção.
Em seu auge esse complexo chegou a possuir 129 escravos em 1866, a forma de tratamento destes era diferenciada dos engenhos tradicionais, pois as senzalas eram em forma de casas uni familiares, o que certamente facilitava reprodução. Esse fato era visto como uma forma de ampliar o numero de peças, já que na época  o tráfico de escravos estava proibido devido a lei Eusébio de Queiros e ainda os poucos escravos restantes estavam sendo remanejados para o sul, o que fazia o preço do escravo subir cada vez mais no Nordeste. Apesar disso, seus donos resistiram bastante a substituição da mão de obra escravo pelo a vapor (somente em 1910) , devido a dificuldade de substituição de peças caso o maquinário quebrasse, pois aqui não havia casas de fundição.
A queda do preço internacional do açúcar associada a um período de secas e doenças, a ainda a partilha de bens seja pelos casamentos ou pós morte fizeram com que a propriedade perdesse seu prestígio e paulatinamente declinasse para o que infelizmente  hoje não passa de ruínas.


Referências
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